sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Antes de Tudo..

Seis meses separam minha grande expectativa pela série de shows "This is It", em Londres, da ainda vagarosa realização dessa perda.
Havia uma vibração, alegria, quase um sentimento de forra mesmo, ao vê-lo anunciar o espetáculo. Senti por ele. Queria vê-lo brilhar, arrebentar, calar a boca de muita gente! Era de se esperar que fosse algo maior e melhor que os anteriores. Como eu torcia por isso!
A primeira imagem dele, chegando completamente diferente ,naquele corpo magérrimo, o rosto encovado, me causou uma ponta de tristeza, de preocupação. Visivelmente abaixo do peso, ele começou a falar e, então, minha atenção se voltou pros seus gestos, seu entusiasmo, seu habitual tesão em realizar um trabalho. De suas palavras, não esqueço de... "Vou cantar as canções que meus fãs querem ouvir." e "Essas serão minhas últimas apresentações." E aquela saída, com o punho cerrado, dizendo:"This is is, this is it..." com o coro acalorado do público.
Aliás, também foi algo aliviador, confortante, gostoso mesmo, ver todo aquele delírio antes, durante e após sua chegada. Toda aquela adulação, excitação, gritos, aplausos... As pessoas, como de costume, interrompendo sua fala várias vezes, pra mandar um ..."Michael, I love youuu!!". Como sempre foi. Pensei: "Ah, que lindo...ele está de volta mesmo!". Senti felicidade por ele. Pensei no quanto ele merecia aquela volta por cima, aquele retorno em grandes proporções.
Quem, dos que poderão ler este texto, sentiram a mesma coisa?
Quem caiu, de repente, devastado por uma notícia que parecia não fazer sentido... que parecia contrariar o cotidiano de ensaios vigorosos, criativos, tão cheios de vida?
Quem, como eu, se viu pequenino diante de tamanha dificuldade em acreditar num fato assim?
Quem não viu com estranheza a forma como tudo aconteceu, como tudo foi conduzido por um médico tão experiente?
Acredito que o impacto dessa perda foi ainda maior por estarmos, naquele exato momento, a oito dias de assistir a sua triunfal volta ao lugar que pertencia a ele: O PALCO!
Esse homem-menino nos deu seu(s) talento(s) generosamente. Encantou a todos nós desde os cinco anos, e durante mais de três décadas! E ainda queria mostrar mais, arrancar mais aplausos, gritos..Ouvir os fãs cantando, vê-los dançando, eufóricos, apaixonados!
Deixo que minhas lágrimas fluam, com naturalidade, desde aquele 25 de junho. Um grande pedaço de mim foi embora com ele. Nunca sei se choro por ele ou por mim. Porque não entendo esse mundo sem Michael Jackson. Mesmo.
Não me entendo sem Michael Jackson. Mesmo.
Sem ver sua genialidade enquanto dança, me fazendo sorrir tão fácil! Meu lado bailarina tem fascínio por seus movimentos! Pelo seu imenso dom de conectar-se com o ritmo, com os elementos da música, e deixá-la fluir por cada parte de seu corpo. É delicioso observar a leveza, a raiva, a originalidade, a paixão presentes no Michael dançarino! Não há como esquecer depoimentos de todos os coreógrafos que trabalharam com ele. Um deles, Travis Payne, disse, durante a realização de Ghosts: " Michael faz tudo (referindo-se à coreografia) parecer tão fácil...mas não é!!!

Sei ainda Tudo que senti, que passei a querer quando tinha dez ou onze anos e o ouvi pela primeira vez. Meu modo de entender os ritmos, a dança, o conceito da palavra "show". Depois dele, havia mais empolgação na minha relação com a música. Abri a porta da Motown e me identifiquei com o que ouvi. Naquela idade, claro, Jackson Five em primeiro lugar.

Ainda estou aprendendo o que foi e ainda é não tê-lo aqui, fisicamente.
Em contrapartida, temos um imenso e mundial amor que está vivo, pulsante, constante.
Mas sobre isso, próxima postagem. Aguardo vocês!