sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Uma Criança os Guiará



...."... e uma criança os guiará."

~ Isaías, 11:6.


"Todos os seus filhos serão ensinados pelo Senhor, e grande será a paz de suas crianças."
~ Isaías, 54:13.





Acredito, de todo coração, que pouco deixamos nos conduzir pela criança que habita em nós.
Michael Jackson sempre se referia a uma inspiração em especial... sem dúvida, fruto de sua capacidade de captar a pureza e inocência das crianças. 
Energia que percorria a totalidade do que ele era, com toda a permissão, com toda a liberdade. Intensamente... mas com muita naturalidade.
Sua aptidão para lidar bem com os pequenos de várias idades não é algo tão comum de se encontrar.  Nem tão simples assim de compreender. 
Infelizmente, no afã social de traduzir suas ações e comportamento -dentro do universo da imprensa ou não- um sem número de pessoas, invariavelmente, errava o alvo. 
Equivocadamente colocado como um "infantilóide" do cenário musical popular ou como alguém de conduta duvidosa. 
Sendo mais precisa, leio e escuto isso até hoje. De muita gente inteligente, inclusive do meio musical.
A pressa. Sempre a pressa do ser humano em ter algum ponto de vista pronto sobre alguma coisa ou alguém. Como um texto mal escrito, sem um nível mínimo de argumentação, levado para um debate. 
Até aí, seria razoável. Acho preocupante e nocivo é não nos abrirmos para um tempo maior, para que haja um conhecimento um pouco mais amplo. Mais informações. 
Não custa nada contestar o velho clichê: "a primeira impressão é a que fica". 
A chance que muitos deixaram de dar à própria boa vontade, gerou inúmeras consequências desastrosas. Para a vida pessoal e profissional de Michael. Causou dor, raiva, mágoa.
Transtornos em sua saúde física e mental.
E isso não tem a menor graça. 
Não é nenhum pouco fácil de se lidar.
Praticada por questões triviais de qualquer conversa de esquina ou por se relacionar à concorrência feroz, a um mercado competitivo e agressivo, a intolerância prejudica. 
Não há como se contestar. 
Fere, maltrata, deixa marcas até o fim da vida. Quando o início do fio do constrangimento, do linchamento, é puxado, muitos são os interessados em dar o seu 'chute'. Em dar sua repugnante contribuição.
Michael Jackson mergulhava em seus conflitos e emergia, desde sempre.
Tanto quanto muitos de nós, ele sabia estar no mundo adulto de compromissos e responsabilidades. 
Acertava, errava, lutava, esperava, sofria, recebia méritos e glórias... VIVIA.
Mas, na intimidade da sua obra, era a sua criança interior que canalizava a energia da natureza da vida.
Com todo o despudor. Em todo seu esplendor.
O poder sonhador e criativo, ilimitado, irrestrito, audacioso e iluminado de Michael, a meu ver, vinha exatamente do contato permanente e aberto com seu próprio espírito inocente, quase intocado. 
O que ele soube preservar desta porção, não conhecia barreiras.
E o atravessava...  
Saltando, com o brilho mais lindo que já vi, através de seus olhos, sua voz, seu sorriso, do ritmo de seu corpo, das letras de suas canções,  de seu caráter gentil, generoso, solidário, de um verdadeiro cuidador.
Toda criança que se aproximou dele, o apreciou de alguma forma. Sentiu facilidade na aproximação e na comunicação. 
É absolutamente tocante ver crianças, pelo mundo todo,  repetindo o que ele fez como artista, de gestos a figurinos, passado mais de meio século de seu nascimento.
E tendo suas vidas tocadas pelo grau imenso de amor à arte que ele soube transmitir, de uma forma inigualável. 
Muitas coisas me refazem a cada dia. Esta é uma delas.
Michael brilha mais do que nunca. 
That's for all time.